O Modernismo brasileiro pode ser definido como um movimento artístico do início do século XX, que propunha a ruptura com os paradigmas culturais vigentes e a busca de uma arte genuinamente brasileira.
A conjuntura internacional era marcada pelo fim da Guerra Mundial e, no Brasil, a “República do Café com Leite” apresentava sinais de desgaste.
As vanguardas artísticas europeias, como o Futurismo italiano, o Dadaísmo, o Surrealismo e o Expressionismo alemão, são apontadas por diversos autores como influencias fundamentais no surgimento do movimento.
A Semana de Arte Moderna de 1922 é considerada seu marco fundamental.
A semana de 22
O evento, realizado no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, reuniu pintores, escultores, literatos, arquitetos e intelectuais.
Houve sessões literárias, musicais e exposições de artes plásticas. As apresentações tiveram em geral má recepção por parte da plateia e muitos artistas foram vaiados.
Participaram da Semana de 22, entre outros: Mário de Andrade, Heitor Villa Lobos, Graça Aranha, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Oswald Andrade.
O modernismo na literatura
No universo literário, o movimento pregava a ruptura com a Literatura tradicional do século XIX (Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo).
A ideia era dar lugar a uma Literatura “livre, sem fórmulas e sem regras, sem palavras cultas e formais demais, sem o rebuscamento do vocabulário, sem a cultura tradicional e acadêmica”.
Após a semana de 22, vários artistas se reuniram em diferentes grupos, para difundir suas ideias. Surgiram os movimentos (e manifestos) Pau-Brasil, Antropofágico, Verde-Amarelo e Anta.
Podemos dividir o Modernismo como movimento literário em três fases, lembrando que as datas de início e fim são apenas referências.
Quais são as 3 fases do Modernismo?
1ª Fase do Modernismo (1922-1930)
Marcada pela necessidade de expressar uma ruptura radical em relação aos formalismos e regras acerca da escrita.
Para tal fim, os escritores dessa geração recorreram ao uso da linguagem coloquial, gírias e mesmo erros gramaticais.
Predominavam os temas inspirados no cotidianos e a poesia era marcada pelos poemas relâmpagos (curtíssimos).
A irreverencia e a ironia são traços fundamentais dessa fase. Vejamos um exemplo de texto modernista da 1ª Fase:
Pronominais (Oswald de Andrade)
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Entre os principais autores e obras dessa 1° fase do modernismo podemos citar: Ritmo Dissoluto, de Manoel Bandeira (Poesia-1924); Pau-Brasil, de Oswald de Andrade (Poesia-1924); A Escrava que Não Era Isaura (Ensaios-1925), Macunaíma (Romance-1928) e Pauliceia Desvairada (Poesia-1922) de Mário de Andrade.
2 ª Fase do modernismo (1930-1945)
Fase iniciada no contexto da Revolução de 30. Na prosa, surgem as obras marcadas pelo regionalismo (sobretudo o nordestino) e pela busca de respostas às grandes questões nacionais, como a miséria e a fome.
Os romances urbanos são também marca dessa fase. O verso livre segue sendo uma tendência na poesia, que passa a questionar a existência humana e os conflitos sociais.
São muitos os autores que podemos citar, incluindo: Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e José Lins do Rego.
3ª Fase do modernismo (1945-1960)
O marco político nacional dessa fase é o fim do Estado Novo. Ocorre uma maior valorização do estilo e da estética na poesia. Surge o aprofundamento psicológico dos personagens na prosa, assim como técnicas narrativas inovadoras, que rompem com a tradicional fórmula de “começo, meio e fim”.
Vale destacar nessa fase: Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa (Romance-1956); Laços de Família, de Clarisse Lispector (Contos-1960) e as peças de Teatro Anjo Negro (1947) e Boca de Ouro (1959), de Nelson Rodrigues.